Após ataque a ônibus de indígenas Munduruku, Justiça Federal ordena atuação de forças federais no PA

    Indígenas que se opõem ao garimpo ilegal em terras protegidas por lei são alvos de ataques de garimpeiros na região de Jacareacanga.

     

    Em decisão divulgada nessa terça (15), a Justiça Federal em Itaituba, sudoeste do Pará, ordenou o retorno imediato de agentes federais para a região de Jacareacanga, onde garimpeiros atuam em uma série de ataques contra lideranças do povo indígena Munduruku. Os indígenas se opõem ao garimpo ilegal em terras protegidas por lei.

    A pedido do Ministério Público Federal (MPF), a ordem judicial determina "retorno imediato do efetivo de segurança pública, seja da Polícia Federal, das Forças Armadas ou da Força Nacional de Segurança Pública, devendo a União mantê-lo armado, com quantitativo e subsídios materiais suficientes, para restabelecer a ordem pública na região e garantir a segurança do povo Munduruku e dos demais habitantes de Jacareacanga, sob pena de multa diária de R$50 mil".

    Segundo o MPF, esta é a segunda determinação da Justiça determinando restabelecimento da ordem na região de JacareFacanga. A primeira, do dia 29 de maio, foi desobedecida pelo governo federal, como entendeu a Justiça.

    “Verifico que a ausência do Estado na região dá espaço ao fortalecimento vertiginoso da violência e sensação de impunidade pelo grupo que atua na região explorando de forma ilícita o minério de ouro em terra indígena, mediante ameaça a integridade física das lideranças indígenas”, diz a segunda decisão, desta terça-feira (15).

    Após a operação da PF, marcada por manifestações de garimpeiros e ataques a lideranças indígenas, garimpeiros voltaram a praticar novas ameaças e ataques, inclusive impedindo que lideranças contrárias ao garimpo viajassem para Brasília. Depois disso, o MPF pediu à Justiça que os Munduruku contrários ao garimpo fossem transportados pela Força Aérea Brasileira (FAB) até o Distrito Federal.

    De acordo com o MPF, a liminar ordena que o governo federal, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) “promovam interlocução das lideranças indígenas vitimadas com autoridades da capital federal, o que deverá ser feito por meio de transporte aéreo aos indígenas Munduruku, lideranças e caciques que desejem fazer a viagem, tal como foi possibilitado aos garimpeiros que viajaram, em voo da FAB e junto ao Ministro do Meio Ambiente, à Brasília, em 2020”.

    O MPF informou que lideranças contrárias ao garimpo impedidas de viajar na última semana conseguiram finalmente iniciar deslocamento até Brasília na tarde de terça-feira, portanto o transporte aéreo, pelo menos por enquanto, não será necessário. Mas, pela decisão judicial, as autoridades federais terão que recebê-los e ouvir suas reivindicações, quando chegarem na capital federal.

    Mais uma vez, a Justiça Federal determinou que “as forças de segurança pública federais e as Forças Armadas impeçam novas invasões das Terras Indígenas Munduruku e Sai Cinza, bem como garantam o direito de ir e vir dos munícipes e reprimam atos criminosos relacionados na área urbana do município de Jacareacanga, com foco especial nas localidades: Aldeias Jacarézinho, Pombal, Santa Cruz, Katõ, Missão Cururu e Poxorebem, identificadas no momento como focos de maior tensão”.

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